Semana do dia 22 ao dia 28 de setembro de 2025
Letícia
A melhor coisa que aconteceu nessa semana, foi a Letícia ter começado a trabalhar comigo presencialmente.
Há alguns anos — talvez cinco! — eu a conheci quando estava procurando por toda parte — internet, feiras, lojas, aulas, conhecidas — quem fizesse toda forma de artesanato que eu também soubesse fazer ou com a qual me identificasse. Foi na Mega Artesanal, maior feira de artes manuais do Brasil, em São Paulo, onde a avistei, no espaço de uma fiação. Fui conversar com ela: me contou que era (é!) professora de crochê, que aprendeu criança com a mãe. Desde então, trabalhamos juntas.
À distância, elaborávamos e repassávamos a tal da "receita": o passo a passo da produção de uma peça em tricô ou crochê. Foi ela quem produziu mais algumas unidades do Corpete Preto e Dourado — este aqui. Também foi ela quem fez o Top Pérola — este aqui. Ela é mestre em fazer essa técnica em que as pedrarias parecem bordadas — elas são, na verdade, tecidas uma a uma, entre pontos, entremeadas no próprio crochê.
Agora, às terças e quartas, estaremos juntas no atelier. Estou tão tão feliz e realizada, é muito bom ver as ideias acontecendo de forma mais imediata e evoluindo rapidamente.
Jogo americano
Não sei exatamente o que me levou a entrar no site do IPHAN nessa semana e começar uma “onda” de leituras sobre o assunto: retomei a obsessão sobre o patrimônio cultural imaterial, que está se perdendo.
Já comentei aqui, no início deste ano, sobre como, durante nossa viagem para Trancoso, senti falta da palha nordestina. Era tudo plástico. Desta vez, em Pernambuco, senti falta das rendas.
Os vendedores ambulantes nos abordaram, ali na areia da praia, como costumam fazer, com o que pareciam ser, no primeiro olhar, toalhas belíssimas — vazadas, bordadas. Numa coreografia que devem encenar todos os dias, várias vezes ao dia, foram desdobrando, ali na nossa frente... o encanto foi por água abaixo. Mais uma vez, no reino de um saber, agora era tudo de mentira: plástico e máquina. Ainda tinha esperança de encontrar algum resquício do tesouro — o ofício, uma renda renascença ou alguma outra preciosidade local — mas era tudo falso, conchas, contas, a toalha, o jogo americano.
Riegl
Em mais um episódio do que cada vez mais se revela ser uma compulsão literária, dominada pela obsessão da conservação do patrimônio — ah, sim, agora lembrei por que retomei o tema: queria um museu sobre o assunto —, acabei imprimindo vários dossiers do IPHAN sobre alguns patrimônios: o ofício das panelas de barro de Goiabeiras, a nossa Le Creuset; o modo artesanal de fazer queijo Minas, a nossa denominação de origem protegida que vemos em tantos rótulos que fomentam o turismo pela França ou Itália; a renda Irlandesa em Sergipe, uma das sementes do que poderia ser (vir a ser) a nossa Alta Costura.
Depois de tudo isso, ainda comprei pela Estante Virtual o livro da Françoise Choay que está para chegar, e pela Amazon, enfim estou lendo um autor, Aloïs Riegl, pelo qual passamos brevemente durante minha graduação em História da Arte e Arqueologia na Sorbonne. Com os três volumes dos "Ensaios" de Montaigne já no carrinho de compras, comecei e estou amando a leitura dos que chegaram.
