Metrônomo, Mandioca e Mocinha

De 13 a 19 de Janeiro de 2025

Levei o livro para a cama e começamos a escutar os trechos sugeridos para tentarmos decifrar qual tipo de compasso. Como é o oposto de um sonífero... segui lendo, pelas manhãs. 


 

Metrônomo

Chegou meu livro sobre Teoria da Música que tinha comprado semana passada. 

Começa explicando como o som é vibração, o que é um lembrete da física fascinante que nos envolve. Segue convidando para fazermos uma pausa e escutarmos o que está em volta: impressionante a quantidade de sons que distingui numa noite de São Paulo em menos de 30 segundos. 

Fiquei louca de vontade de comprar um metrônomo. Sentir os ritmos durante o dia. Engraçado que esse tema dos BPMs está atualmente presente na minha vida pelo menos três vezes na semana, nas aulas de spinning, onde o ritmo da aula e das pedaladas é medido de acordo com as batidas da música. Fiquei feliz quando finalmente comecei a pedalar em pé na bicicleta uma música a 130 batidas por minuto com mais facilidade. O que significa 130 BPMs em andamento musical? 

O livro também conta que a primeira partitura conhecida na história ocidental data da Idade Média. 

Isso me lembra que tem um programa bem conhecido em Paris que é ir na Catedral de Notre Dame e escutar o “Canto Gregoriano” acompanhado de órgão. A primeira vez que ouvi sobre isso foi quando eu e minha amiga Maria Giovana fomos visitar a nossa amiga Babi em Paris quando tínhamos 15 anos. A Babi tinha ido com os pais morar seis meses (que viraram um ano) em Paris e “implorou” para que a gente fosse. Foi minha primeira vez em Paris (e também a primeira vez que tricotei um cachecol inteiro, com os pontos “uma laçada dois juntos”, que a minha avó Wanda me ensinou, ele todo no vôo de ida). Logo que chegamos, os pais da Babi mencionaram esse programa. Anos depois, quando eu morava em Paris, via toda semana na programação do Pariscope: um guia MARAVILHOSO das atividades culturais da semana, que saía toda quarta-feira nas bancas. 

Qual foi o meu "espanto", ao conhecer, durante minha formação em História da Arte e Arqueologia na Sorbonne, o mito do sátiro Mársias, que desafiou o deus da Música para um duelo... Apolo tocava a lira, enquanto os instrumentos de sopro, descartados por Atena ao perceber que deformavam o rosto de quem toca, são dionisíacos.

Voltando ainda mais no tempo, imagino a acústica das cavernas, a cenografia com as pinturas parietais que se moviam com o cintilar das tochas… 

Quais as primeiras partituras no Brasil? E do som dos povos originários, temos registro?

 

Mandioca

Em alguma noite da semana, assistimos à parte do programa Roda Viva na Cultura com o chef Alex Atala. Ele contou que escreveu um livro sobre a mandioca. Eu lembrei que a mandioca, alimento tão brasileiro, é venenosa. Aprendi quando fomos para Manaus e visitamos o Bosque da Ciência em plena floresta Amazônica. Nas tendas que reproduzem moradias e ambientes de povos originários, muitos utensílios de palha trançada e pintada, cada um para uma etapa da preparação da mandioca. Enquanto assistíamos ao programa, comentamos sobre isso. Na verdade, existe a mandioca mansa e a mandioca brava. 

Um trabalho relevantíssimo este de escrever sobre o que é daqui. 


Mocinha 

No domingo, assistimos ao filme “Central do Brasil”, de Walter Salles com Fernanda Montenegro. Ficamos pesquisando, pipoca em mãos, antes do filme começar, um pouco sobre a história da família Salles, que tem o diretor premiado e os fundadores do Unibanco, que, depois da fusão com o Itaú, forma o maior banco da América Latina hoje. 

Além de emocionar, o filme surpreende pois a protagonista não é de todo boa nem de todo ruim. Não é a mocinha que esperávamos. E certamente não é vilã. É humana. E é isso que confunde e que toca. 

Ficou combinado de assistirmos no cinema, algum dia durante a semana, o filme indicado ao Oscar deste ano, “Ainda Estou Aqui”.



Links da semana

Na Amazon, o que estou louca para clicar "comprar".

Quando fomos para Florença em 2023, ao passearmos pelos corredores da Galleria degli Uffizi, vi duas versões do mito do sátiro, uma em mármore branco, outra em mármore avermelhado. Aqui também tem um vídeo contando mais sobre as duas obras. 

Página do Bosque da Ciência, em Manaus. 

Livro do chef Alex Atala, sobre mandioca, na Estante Virtual. 

Roda Viva, no Youtube, com o chef Alex Atala.

 

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Sobre ISABELA MONTEIRO

Isabela Monteiro estudou História da Arte e Arqueologia na Sorbonne e se formou em moda no Studio Berçot em Paris, onde morou por 10 anos antes de retornar ao Brasil para lançar sua marca homônima em São Paulo.

A marca traz para a contemporaneidade, por meio de fibras nobres e cores vibrantes, as técnicas artesanais que Isabela aprendeu com as avós e com a admiração pelas mulheres da família.

Suas coleções são elaboradas com tecidos festivos e peças exclusivas desenvolvidas e feitas à mão por ela e sua equipe de artesãs brasileiras.