De 27 de Janeiro a 02 de Fevereiro de 2025
Apliques em tecido na sala que encerra a exposição "Entre a cabeça e terra: arte têxtil tradicional africana." que vimos na Pinacoteca.
Constituição
De tantos livros que eu quero ler, um deles não é bem um livro mas existe em brochura. Tão falado ultimamente: a Constituição de 1988.
Há algumas semanas me comunicaram sobre o tema "uso de imagem". O texto que rege esse assunto não está na Constituição. Ou seja: a lista de leituras aumenta.
Beliscão
No sábado, fomos com um casal de amigos almoçar no Cora, um restaurante em São Paulo com vista para o Minhocão. Da janela vi ciclistas, corredores — uma belíssima, de cabelo colorido —, amigas sentadas em bancos de madeira papeando…
Almoçamos na parte de dentro do restaurante e depois fomos para a varanda comer a sobremesa. Lá, acredito ter visto a Alix, uma carioca que estudou comigo no Studio Berçot em Paris. Hoje ela também tem uma marca.
Quando saímos com Vini e Victoria, o assunto “delícias” é garantido.
Segundo o Vini, a mãe dele faz os melhores beliscões. Tanto que, naquela semana, ela havia feito para eles e no sábado só tinha sobrado mesmo a história.
Os beliscões são um doce, um quitute... típico do Brasil... de Minas? De São Paulo?
Eu, quando penso em beliscão, além de já sentir o sabor da goiabada e o farelo do biscoito amanteigado desmanchando na boca, penso imediatamente em tia Cleusa, irmã da minha avó Cleonice, que sempre trazia, quando vinha de Lins, potes herméticos, aquele do grampo de metal, cheio dessas delícias. E tenho pensado nisso: em cada pessoa que me é especial e que tem também uma (a sua) receita especial. Quero listar quem são, quais são — volto por aqui com um texto dedicado.
Para quem não sabe, “receita” é também instrução para realizar uma peça de tricô ou crochê. Esse tipo faz muito mais parte do meu dia a dia.
Têxteis africanos
Depois do almoço e de muito vinho, fomos na Pinacoteca visitar uma exposição sobre "têxteis africanos". Tinha visto o cartaz na fachada quando passamos ao lado do museu em direção à Ilha Bela semanas atrás e ficamos de ir. Convidei, “gente, vamos ver uma exposição sobre têxteis africanos?”, “Africanos, o quê?”, “Têxteis”, “Fala tecidos, Isabela!”
Me interessa muito conhecer outras culturas. Primeiro, porque tenho o “gôut d’ailleurs”, um gosto do estrangeiro, como definiu muito bem grande mestre sapateiro das solas vermelhas em um podcast. Gosto de viajar — na criatividade, naturalmente, no que vejo, especialmente. E essa foi mais uma ocasião.
Segundo, porque ver o que vêm de outros lugares vai criando um embasamento histórico, visual, do que foi, é e pode ser a cultura daquele local. E meu imaginário é muito pouco povoado pelas culturas africanas. Mais uma oportunidade para aprender.
Essa exposição ainda tinha mais um interesse, um interesse profissional para mim: cada sala era uma profusão de técnicas. Fiquei com a imagem de muito jeans — tecidos tingidos de índigo, na verdade —, bordado ou manchado de branco e vermelho principalmente. Além de apliques em tecidos. E tecidos multicoloridos com a trama muito muito fina e pequenos trechos de padronagens belíssimas sob fundo amarelo.
Técnicas diversas, regionais, ancestrais.
Coincidentemente, estou para fazer uma aula de tear perto de casa, para tecer algumas fitas que comprei no final do ano passado. Algo que sempre quis fazer.
Links da semana
O podcast, em francês, com o Christian Louboutin.
Le gôut de M — M é a revista do Le Monde e vejo como trocadilho para “gôut de M-erde”, "gosto de não-precisa-tradução".
A exposição que visitamos na Pinacoteca.
Em breve, link para o texto sobre receitas.