5 exposições em Paris que eu iria neste final de semana se ainda morasse lá

Plis Watteau.

1 - Caillebotte. Peindre les hommes - Museu d'Orsay - até dia 19 de janeiro de 2025

Urgente!!! Até este domingo, apenas.

Iria, com certeza, na exposição do Museu d'Orsay sobre o pintor Gustave Caillebotte, "pintando os homens".

Sou completamente apaixonada pelo olhar do Caillebotte: são novos ângulos, cinematográficos, que começam a aparecer no final do século 19 na pintura, que prefiguram o cinema. Amo como ele recorta os sujeitos e a composição. Amo como ele cria grandes diagonais que direcionam o espectador. Incisivo. Abrupto. E imersivo.

Além disso, o homem do Caillebotte sai do retrato tradicional: desce do cavalo, abandona o clérigo. São burgueses em momentos cotidianos e trabalhadores urbanos: eles remam canoas, como na obra que é cartaz da exposição, eles raspam assoalhos de apartamentos parisienses haussmannianos, como em uma das minhas pinturas favoritas de todos os tempos.

Visita em vídeo com Paul Perrin, diretor do Museu d'Orsay e comissário da exposição, com quem tive aula na Sorbonne durante minha formação em História da Arte e Arqueologia.

 

2 - Figures du Fou - Museu do Louvre - até dia 3 de fevereiro de 2025

A Loucura no Louvre.

Além de passar horas visitando o maravilhoso acervo permanente, eu gostava de ver as obras em novos contextos com as exposições temporárias que o Louvre organiza.

Eu, que adoro a divergência, o diferente, o dionisíaco, me entusiasmei com a que está em cartaz.

Desta vez, "figuras de louco" traz obras principalmente da Idade Média, sociedade na qual a loucura era a ausência de Deus. Nas Escrituras: "Diz o insensato no seu coração: não há Deus!". 

Folie = loucura em francês. Santos na Quaresma. Folia, foliões, no Carnaval. 

Em francês, um dossier pedagógico em PDF acompanha a exposição.

 

3 - Revoir Watteau - Museu do Louvre - até dia 3 de fevereiro de 2025

A obra que eu e minha amiga Sarah adorávamos apreciar no Louvre quando estudávamos no Studio Berçot, Pierrot, do pintor Antoine Watteau, acabou de ser restaurada pelo Centro de Pesquisas e Restaurações dos Museus da França (C2RMF) e está em cartaz sob holofotes, acompanhando a exposição com o tema da loucura. 

Uma anedota da moda: Watteau pintou tantas mulheres vestindo a robe à la française, vestimenta típica de sua época, que as pregas nas costas dessa peça receberam o apelido de "Plis Watteau", ou pregas Watteau.

Aqui um desenho lindo e inspirador feito pelo pintor para quem gosta de ilustração de moda.

 

4 - Tarsila do Amaral. Peindre le Brésil moderne - Museu do Luxembourg - até dia 2 de fevereiro de 2025

Considero o Museu do Luxembourg, dentro do Jardim de Luxembourg, um segredo ainda bem guardado de Paris.

Lá, me lembro de visitar uma exposição sobre Fragonard, onde vi o quadro Les Heureux Hasards de l'Escaporpolette, no qual um homem empurra uma mulher no balanço enquanto o outro, o sortudo, vê o que tem por baixo de sua saia.

Outra exposição: sobre a aposta no impressionismo de Paul Durand-Ruel, um dos mais importantes marchands da história da arte, onde eu lembro do impacto que foi ver, lado a lado, quatro quadros da série de 23 que o Monet fez sobre os álamos.

Nesse link da Wikipedia dá para ver todos os quadros da série, um maravilhoso estudo de Monet sobre luz, cor, tempo, efêmero.  

Agora, Tarsila do Amaral, a brasileira, em exposição.

 

5 - Ernesto Neto - Le Bon Marché Rive Gauche - até dia 22 de fevereiro de 2025

Mais um brasileiro em Paris: Ernesto Neto no Bon Marché. Que passeio: depois de visitar a exposição da Tarsila no Luxembourg, caminhar por Saint-Germain até chegar na loja de departamentos mais chique de Paris na minha opinião e seguir prestigiando o Brasil. 

Ernesto Neto, com suas instalações monumentais multissensoriais, que vão além do impacto visual, encapsulando cheiros e terras em suas obras, preenchendo o ambiente e envolvendo o espectador, foi um dos artistas brasileiros que estudamos em Arte Contemporânea na Sorbonne. 

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Sobre ISABELA MONTEIRO

Isabela Monteiro estudou História da Arte e Arqueologia na Sorbonne e se formou em moda no Studio Berçot em Paris, onde morou por 10 anos antes de retornar ao Brasil para lançar sua marca homônima em São Paulo.

A marca traz para a contemporaneidade, por meio de fibras nobres e cores vibrantes, as técnicas artesanais que Isabela aprendeu com as avós e com a admiração pelas mulheres da família.

Suas coleções são elaboradas com tecidos festivos e peças exclusivas desenvolvidas e feitas à mão por ela e sua equipe de artesãs brasileiras.